
Sense8
Quem é fã de série certamente já ouviu falar de Sense8. Produzida pela Netflix e lançada em 2015, tem como criadoras as irmãs Lilly e Lana Wachowski.
A produção relata a história de 8 pessoas pertencentes a diversos lugares do mundo que começam a compartilhar pensamentos, comunicar-se umas com as outras, ter habilidades em comum e vivenciar situações cotidianas da vida.
Um dos personagens é transgênero e se chama Nomi Marks (Jamie Clayton). Em seu núcleo, a personagem sofre constantemente perseguição da mãe que tenta de todas as formas reverter seu comportamento. Nomi namora Amanita (Freema Agyeman), que apoia suas decisões e a escolha de viver livre e buscar a felicidade, longe dos preconceitos e da perseguição de sua mãe.
Em um dos episódios, Nomi narra quando sentiu que não se identificava com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer. Esse foi um dos momentos mais emocionantes da série.
A atriz vivida por Nomi, Jamie Clayton, também é transgênero. Ela se mudou aos 19 anos para Nova York para seguir a carreira de modelo e maquiadora. Além de Sense8, ela também participou da série Hung, produzida pela HBO.
No dia 8 de agosto de 2015, dia e mês em que os oitos personagem fazem
aniversário, foi anunciado a segunda temporada da série. Outro fato importante envolvendo Sense8 é que uma das autoras, Lilly Wachowski, revelou ser uma mulher transgênero. Ela divulgou uma carta aberta no dia Internacional da Mulher:
“Ser transgênero não é fácil. Vivemos num mundo que reforça majoritariamente a orientação de gênero binária. O que significa que quando você é trans você tem que encarar a dura realidade de viver o resto de sua vida em um mundo hostil contra você. E eu tenho sorte. Tenho o suporte de minha família e os meios de arcar com médicos e terapeutas que me deram a chance de realmente sobreviver a este processo. Pessoas transgêneras sem suporte, meios ou privilégios não possuem este luxo. (…) Então, sim, sou transgênera. E sim, fiz a transição. Já me revelei para amigos e familiares. E também para as pessoas com quem trabalho. Todos estão felizes com isso. (…) Sem o suporte de minha esposa, amigos e familiares, eu não estaria aqui hoje”.
Por Lucas Duarte, estudante de jornalismo.

SENSE8 E REPRESENTATIVIDADE
Sense8, série da Netflix produzida e criada pelas irmãs Wachowski, fala sobre oito desconhecidos de lugares e culturas diferentes, que ficam mental e emocionalmente interligados após presenciarem a morte de uma mulher chamada Angélica. Eles podem se comunicar, sentir e ainda ter domínio sobre língua, habilidades e conhecimento dos demais.
Apesar do pano de fundo de ficção científica, a série trabalha muito mais o drama. Cada um dos personagens tem um papel importante para a trama, mas também possuem história própria. Dois deles, Lito e Nomi, são personagens LGBT.
Lito é homossexual e mantém uma relação secreta com seu namorado, enquanto Nomi é uma mulher trans, interpretada também por uma mulher trans. Pode parecer algo simples – apenas mais uma atriz interpretando um papel -, mas a importância disso é enorme (assim como possuir protagonistas femininas, asiáticas, negrxs etc).
Uma coisa extremamente significativa para núcleos oprimidos (mulheres, negrxs e LGBT) pela sociedade é a representatividade. Pessoas brancas – principalmente homens heterossexuais – vivem todos os dias em novelas, jornais, filmes… mas é raro ver alguma mulher com papel importante numa história, assim como um negro não retratado como pobre ou marginal e um personagem LGBT que não é usado como alívio cômico. As pessoas precisam ser representadas de todas as formas possíveis, porque questões de gênero/ raciais não as colocam em apenas um núcleo de pessoas.
Representatividade vai além de você se ver na televisão, cinema ou qualquer outro meio. É perceber que você faz parte de uma sociedade e que você é notado. Foi um pequeno avanço, afinal ainda vivemos numa sociedade muito preconceituosa, mas é um exemplo para que outros sigam os passos.
Por Vinícios Soares Costa, estudante de designer gráfico